terça-feira, 8 de julho de 2008

Como Compreender os Filhos

É bom começar por dizer que "observar" os filhos não significa bisbilhotar", isto é, näo pode ser ocasião para violarmos a sua intimidade pessoal. Somos bisbilhoteiros quando queremos saber tudo, mas quase unicamente para satisfazer as nossas exi­gências e para tranqüilizar as nossas ansiedades.
O respeito à intimidade dos filhos é fundamental para estabelecer com eles um autêntico relacionamento de confiança. A tarefa de observá-los assume, portanto, uma feição inteiramente particular, porque se baseia na mais absoluta naturalidade e espontaneidade, o que torna necessária uma participação ativa na vida do filho: é uma observação destinada a captar e a incentivar tudo o que pode ajudá-lo a desenvolver-se como pessoa, com pleno respeito a sua liberdade.
Para consegui-lo, pode ser conveniente descer ao nível da criança, ver as coisas um pouco do ponto de vista dela; se soubermos fazê-lo, ficaremos admirados ao notar a enorme diferença que há entre o nosso mundo e o das crianças, e quanto o delas é rico, apesar das aparências. A observação e o conhecimento começam a partir do berço. Cada criança tem as suas exigências e é diferente de qualquer outra. Procuremos, portanto, respeitá-la e não impor-lhe de modo muito rígido os nossos horários. Seria mais oportuno que a mãe se adaptasse, por exemplo, aos horários de um bebê, e não ao contrário.
A observação deve, pois, tender a saber não só "como é a criança", mas sobretudo como nós somos com ela; muitos dos seus hábitos dependem exclusivamente de nós e têm a sua origem no modo habitual com que nós mesmos nos conduzimos. É fácil perceber que muitas das preferências do filho resultam dos hábitos de seus pais.
Por último, é necessário empenhar-se em observar os filhos no seu relacionamento com os pais e também com os da sua idade; no seu comportamento em casa e fora dela, de modo a conseguir uma imagem completa da sua personalidade.
a primeira infância, procuraremos portanto conhecer do nosso filho não só o seu tamanho, o peso, etc., mas também a sua capacidade e potencialidade de movimentos (o chamado desenvolvimento motor), perguntando-nos honestamente se somos pais que favorecem a educação física ou não. É penoso observar que há crianças já bem grandinhas que não agüentam um pequeno passeio porque "se cansam", "não estão acostumadas", e que não correm e não saltam porque "poderiam cair" e "machucar-se".
Saber observar o filho significa também vê-lo como ele é com os demais meninos, sem porém usar de indulgência nas comparações.
Anna Maria Costa

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